quinta-feira, 12 de junho de 2014

Cartas para Ela - Quero sorrir também

QUERO SORRIR TAMBÉM

GABRIEL TUDOR

Ontem eu vi teu sorriso.
Daqueles que brilham feito estrela,
Como se a alegria explodisse
Fazendo quem estiver em volta,
Com tua alegria compartilhada,
Sorrir também. Tomado
Momentaneamente pela felicidade.
Tudo por causa do teu sorriso.

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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Coisas que falam sobre coisas... - Sushi

SUSHI
TULIPA RUIZ

Pensei estar sendo esperta
Ao te dar meu coração.
Falhei, deixei porta aberta,
Você alegou: "foi rejeição".

É isso que dá contar com o certo,
Nem sempre o amor se encontra tão perto.

Cheguei a uma ilha deserta,
A um atalho, contramão.
Eu sei que a resposta correta
Pode não ser a solução.

Viver a teu lado não dá futuro,
Fiquei deslumbrada a princípio, eu juro.

Então vem, chega mais perto,
Devolve já meu coração.
Que tal sair deste aperto
E decretarmos solidão a dois?

Querido, é mais fácil vivermos solteiros
Em festas confusões.
Querido, é mais lindo juntarmos dinheiro
E embarcarmos pro Japão.

Sushi, chá, bar,
E esse seu jeito de falar,
Cantar, dançar, olhar pra mim.

Viver
É não ter que transplantar
Doar, sangrar, trocar, chamar, pedir, mostrar, mentir, falar.
Justificar no cais chorando não sou eu quem vai
Ficar dizendo adeus batucada macaco no
Seu galho da roseira em flor da laranjeira amor
É choradeira, horror a vida inteira à beira da
Loucura e a dor
E a dor e a dor e a dor e a dor e a dor
E a dor e a dor e a dor E a dor e a dor e a dor e a dor 
E a dor e a dor e a dor e a dor e a dor e a dor e a dor.

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Tulipa Ruiz, "Shushi" (2012)

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sábado, 7 de junho de 2014

Cartas para Ela (2014 #03) - Breve Cena

BREVE CENA

GABRIEL W. TUDOR

Sempre achei espiritualmente interessante como prazer e estado de graça se envolvem de tal forma que, perdidos um no outro, nunca fui muito capaz de distinguí-los.

O calor que repentinamente inflama veias e faz o coração disparar, o nó na garganta quando se prende uma vontade intensa que quer saltar para fora do corpo e se expressar a plenos pulmões, o desejo de uma impossibilidade física: estar tão pertos ao ponto de nos misturarmos numa massa única e intensa de sentimento e carne.

Ultimamente as semanas tem sido excepcionalmente interessantes… Apesar de ter passado tempo demais conformado com uma certa paz de espírito que agora percebo, não apontava um estado de serenidade, mas conformismo com certos acontecimentos duros do passado.

Aquelas esquinas.

Eis que me encontro surpreso, pois apaixonar e desejar simultaneamente, conceder carinhos e carícias, encontrar amor e fetiche, me parecia algo perdido neste longo caminho que me conduziu até o tempo presente. Uma sensação deliciosa que não quero, nem preciso, abrir mão.

E estou aqui para aproveitar cada momento enquanto durar este bem estar.

E estarei aí para aproveitar cada momento enquanto esta peça me concede a oportunidade para cumprir meu empolgante papel.

Ainda que incerto e breve.

Encenado no instante de um abraço de boa noite.