terça-feira, 24 de setembro de 2019

OS DIÁRIOS DE ÓCULOS: A SINCERIDADE DO IDIOTA

O mundo seria um lugar melhor se as pessoas apenas soubessem a diferença entre o fato de não concordar com algo e a própria necessidade de se comportar como um idiota.

G.W.T.

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sábado, 21 de setembro de 2019

OS DIÁRIOS DE ÓCULOS: DEPOIS DO REINO DE MORFEU

Pesadelos são pesadelos. Sonhos ruins podem ser pesadelos. Sonhos bons são pesadelos.

G.W.T.

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quinta-feira, 12 de setembro de 2019

OS DIÁRIOS DE ÓCULOS: AONDE VOU GUIAR MEU OLHAR?

Uma coisa é se manter informado e preocupado com o rumo das coisas em volta, outra coisa é ficar chafurdando em notícias que além de não agregarem nada aos acontecimentos e à nossa percepção, vão prejudicar nossa saúde mental e consequentemente, física.

GWT

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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

O BLUES DE NOVA BABEL: TRÊS CARTAS (PARTE 3 - FINAL)

Obs: você pode ler a primeira parte deste conto seguindo este link, e a segunda, aqui.

Escrito por
MIKE WEVANNE

A noite segue sua procissão louca e eu me deixo levar por alguns minutos. Vejo alguns sorrisos em rostos conhecidos e em muitos desconhecidos. Quando volto a si perco a noção do tempo que passou. Provavelmente já eram os efeitos da bebida. Respiro fundo e sinto a felicidade ébria começar a tomar meu corpo, sob a agradável anestesia dos sentidos, peço mais uma dose de pinga ao espanhol. Ele fala algo, eu só aceno com a cabeça e sorriu fingindo que entendi o que ele disse. Viro o copo, cerro os dentes e deixo a batida da música me levar novamente prum lugar distante.

— E aí, meu querido! Tá perdido aí dentro? — A voz me tira do transe e recebo um abraço antes de conseguir responder.

— Glauco! — Devolvo o abraço. Ele está diferente. Cabelos e barba crescidos. Ele me apresenta a uma amiga. Elizabeth. Linda. Ela sorri. Provavelmente eu devo ter feito alguma coisa engraçada enquanto tentava disfarçar que não estava tão bêbado.

Glauco é um grande amigo. Dividimos boas noites juntos, rimos muito, bebemos muito, até trocamos alguns socos. Um irmão trazido pelas desaventuras da juventude. Não consigo lembrar de quanto tempo fazia que não nos víamos. Meses? Talvez mais de um ano ou dois.

Todos nos afastamos, numa amizade presente, embora distante. Eu, ele, e…

— Ei, tu viu a Vanice naquela mesa de pôquer lá no fundo? O amigo dela tá numa pilha muito errada. Vai dar merda, aquilo lá.

— Também acho que vai. Parece que a coragem dele é maior do que o cacife do jogo. Se não é coragem, só pode ser burrice. E olhando daqui eu digo que das duas coisas, é a segunda.

Ele detém o olhar na direção da mesa onde Vanice está por alguns segundos. Não foram muitos segundos. — Mas sim, estamos indo pro Cantina Luna, quer ir com a gente?

— Acha que lá está melhor do que aqui? — Eu olho para Elizabeth, ela sorri novamente, mas desta vez eu não fiz nada idiota. Era um convite.

— Vamos encontrar com a Monique e com o Jack. Depois que fechar lá vamos dar uma volta, fumar um pouco e amanhecer no apartamento da Monique. — Ele dá uma risada sínica que eu não entendo muito bem o que significa. Deve ser algo do tipo “ei, bora lá que tu não vai se arrepender!”. Afinal o fato deu não entender a mensagem não significa que eu não saiba que ela está lá. Isso me tornava imune à magia do desgraçado. Glauco sempre consegue arrancar duas coisas de alguém: uma risada ou um favor.

Um bom amigo, mas um canalha também.

— Não sei. Na última vez que bebi com o Jack, as coisas não deram muito certo. — Junte dois caras teimosos parecidos demais e ainda assim diferentes demais num mesmo cômodo, adicione álcool à equação e o resultado geralmente dava em briga. Pelo menos era uma boa briga.

— Besteira. O Jack tá de boa, né Liza? — Novamente o sorriso cínico. Dessa vez eu entendo o significado.

Nós costumávamos andar juntos. Quando o Glauco e a Vanice eram enrolados. Desde então alguns anos estão entre aqueles dias e hoje. Agora nos restaram alguns encontros ao acaso, dividimos sorrisos, algumas garrafas de cerveja e um punhado de boas memórias.

Enquanto Glauco conversa com Elizabeth sobre os rumos da noite, por algum motivo eu lembro de um dos nossos últimos encontros.

Havíamos fechado um bar. Não lembro qual era o bar. Estávamos os três, eu, ele e Vanice. Vagando por alguns minutos enquanto decidíamos onde seria a próxima parada. A noite nos embalava com um clima úmido, uma ameaça de chuva, do tipo que nos deixa carentes e com frio, em busca do calor e do conforto no abraço de alguém. Um desejo que quer tomar o controle, então faz o nosso corpo pedir mais álcool. Eu já estava conformado em segurar vela, então sentei na sarjeta enquanto esperávamos um táxi passar. Não tinha ninguém na rua, apenas nós três. Sozinhos com a cidade. Olhei para o céu nublado e me perdi um pouco. Eu nunca me perco um pouco. Começou a chuviscar, mas eu não me importei. Era uma boa noite. E os deuses estão na chuva.

Quando percebi o silêncio imaginei que os dois estavam se beijando. Vi um táxi e me virei para avisá-los, mas pareceu que os dois tinham me seguido até as nuvens: estavam ali parados ao meu lado, abraçados e olhando pro céu. O táxi passou por nós e foi embora.

— O que houve? — Eu dou uma risada baixa.

Nenhum dos dois move o olhar. — Nada, só está bom aqui. — Vanice se aninhou ainda mais no abraço do Glauco.

Eram naqueles momentos tão perdidos que eu costumava me encontrar. Quando eu não sabia aonde ir, bastava estar ao lado de bons amigos. Quando eu procurava palavras, bastava a sua companhia. Quando eu queria entender o mundo, bastava viver brevemente naquele universo paralelo.

Então um estouro seco me traz de volta ao Última Chance. As pessoas gritam e a banda para de tocar. Todos correm para a saída. Elizabeth puxa Glauco pelo braço, mas ele resiste e tenta ir na direção oposta da onda de gente que se forma. — Isso foi um tiro!

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Dois outros tiros seguem o primeiro.

Peço pra Elizabeth ir embora. Contra as pessoas fugindo, eu e o Glauco corremos para o fundo do bar. Não falamos nada, mas não queremos bancar heróis, estamos preocupados com Vanice.

O lugar está uma bagunça. Três homens estão cercando outro como se estivessem apartando uma briga. Mas não há alguém para ele brigar. Uma mesa virada e ao lado dela um homem no chão, deitado numa poça de sangue. No meio do pandemônio, Vanice, assustada tentando processar o caos.

— O que aconteceu, Vittorio? — Eu levanto a voz e falo com o homem que todos tentam acalmar. Ele ainda está com o revólver na mão. Eu sei o que ocorreu, só quero dar tempo para o Glauco tirar a Vanice de perto da confusão. Ela o abraça, chorando pela morte do seu amigo.

O amigo burro.

— Esse trapaceiro filho da puta! — Ele aponta a arma para o corpo no chão. Vittorio é filho de um vereador. Riquinho mimado. Um dos motivos para o amigo da Vanice ter percebido que era uma péssima noite para bancar o espertinho numa mesa de pôquer. Então ele avança sobre mim, agora com a ponta do ferro na minha direção. — Não se mete, Marco! E não quero saber de tu abrindo a boca pro teu amiguinho da PM! Já tô por aqui com a merda de vocês dois!

Eu me calo. Diferente do defunto, eu sei que não posso provocar um idiota que pode me matar por capricho. Ergo as mãos para mostrar que não quero problemas.

O séquito de lambe botas consegue levar Vittorio embora antes que a polícia chegue.

Vanice está em choque. Glauco me encara, sinalizando para irmos embora dali. Ela não quer ir, quer socorrer o amigo.

— Lucas… Lucas! Liga pro socorro, Glauco! — As lágrimas dela perdem o brilho quando se misturam e borram sua maquiagem. Ver o desespero tomar aquele rosto era uma tragédia maior do que a morte de um tolo numa mesa de pôquer.

O nome do amigo burro é Lucas.

Esta noite a cidade resolveu que não seria gentil com o Lucas.

Ela resolveu nos mostrar que as pessoas são responsáveis pela sorte que tentam criar para si mesmas. E Lucas era sua lição viva — na verdade, morta — dizendo, saia da linha querendo abocanhar algo maior do que os dentes podem morder e você morre num estalar de dedos. Ou no aperto de um gatilho. Literalmente.

Das mangas longas da blusa do Lucas, empapadas em sangue, as provas da sua tolice e as delatoras que lhes sentenciaram à morte. Dois valetes e uma rainha.

Três cartas.

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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

BREVE TRATADO SOBRE NÓS, OS MACACOS: FILHOS DE NARCISO

O mundo gira, gira, não para nunca e nos mostra o quanto a sabedoria das pessoas não sobrevive à vaidade.

GWT

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terça-feira, 3 de setembro de 2019

OS DIÁRIOS DE ÓCULOS: TRISTE RESOLUÇÃO

O sentimento de que, apesar de tudo, precisamos mais das pessoas do que elas precisam de nós é devastador.

G.W.T.

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