quinta-feira, 22 de outubro de 2009

coisas que falam sobre coisas: descivilizaçao (biquini cavadao)

qualquer dias desses ainda pego meu carro e sumo daqui.
vou aonde der a gasolina.
dai em diante ando a peh,
ateh encontrar carona em carro de boi.
suspendo meu odio e salto num vale inatingivel.
percorrerei a mata e me embrenharei por ela
ateh chegar numa arvore,
a mais alta, e preparar
um chocilho joia.

na chuva que os dias trouxerem,
esquecerei de conta-los,
perderei seu nomes e sequencia.
chamarei do que quiser:
dia vento, dia de sono,
dia sem graça,
dia, areia e poh...

os vicios e obrigaçoes
responsabilidades, relogios e cordoes,
serao pesadelos que nem lembrarei.
palavras se perderao, outros simbolos virao:
pedra cortada, o mato achatado, a seta no chao...
descivilizaçao...

na chuva dos dias, meu nome vai fugir.
escorrer pela terra ateh que as plantas o suguem
aih ele serah uma presença inaudivel em todo lugar,
como algo tao notorio, e que por isso, nao precisa se falar:
sol sem brilho, luz sem cor...
descivilizaçao.
porque a vida eh passageira, e a morte, o trem.

conto: o despertar de edward hartt

na noite anterior, edward hartt saira com seus amigos. beberam algumas cervejas enquanto conversaram sobre futebol, garotas e cinema. E a vida se mostrou boa.

na manha que se seguiu aquele adoravel bem estar, o mundo de edward virou ao avesso e o inferno tomou a realidade num pesadelo sangrento.

correu atraves da rua para salvar sua propria vida enquanto viu sua vizinhança tomada pelo caos: pessoas corriam, gritavam, urravam e gemiam. atacavam umas as outras para morder-se e arrancar pedaços razoaveis de sua carne... nunca ficavam satisfeitas, e perseguiam-se mais ainda em desespero. alguns eram perseguidores, outros fugitivos.

enquanto cuidava de seus proprios assuntos, a preservaçao da propria vida, testemunhou o ataque a uma garota: viu suas vestes serem rasgadas e sua pele ser dilacerada por dentes e unhas de um grupo de pessoas que se amontoaram sobre ela.

seu coraçao disparou tomado de culpa e vergonha por nao conseguir deter sua corrida para ajuda-la. sentiu nausea e ansia de vomito. autocontrole nao era uma coisa possivel de se conseguir naquele instante.

catherine era sua vizinha. amiga de infancia e paixao secreta desde o inicio da puberdade.

agora catherine estava seminua, com as roupas aos farrapos e ensanguentada enquanto nacos de sua carne eram arrancados a mordidas por aquelas feras que em algum momento de suas vidas foram pessoas.

eram feras mortas. pois as que atacavam eram as que foram atacadas anteriormente. e as que morriam se levantavam para matar a pessoa san mais proxima. os zumbis estavam soltos na terra como no filme de horror mais real jah realizado.

e catherine fora morta. assim como seus pais e irma. e parte de edward hartt morreu com todos eles naquele dia fatidico.

no entanto, apesar de sua alma doer desde os fios de cabelo atah os ossos, revirando cada orgao interno em furor enquanto viu cada um destes entes queridos serem assassinados, nao teve opçao alguma alem da fuga.

foi dominado pelo medo.

chegou realmente a se perguntar se seria medo o que lhe acometera. a adrenalina que lhe tomou as açoes movendo o sangue em suas veias seria mesmo simples fruto do medo?

ou se tratou do mais puro instinto de sobrevivencia?

achou a resposta! sobrevivencia afinal era o que contava e era seu unico objetivo restante: tinha de sobreviver! fugir e permanecer vivo!

nao se tratou de covardia e sim instinto!

em meio ao caos daquele pesadelo desperto onde pessoas, vivas ou mortas, corriam para devorar ou serem devoradas, edward encontrou uma garota proxima a um carro vermelho. ela chorava e soluçava enquanto tentava acertar a chave para abrir o veículo.

“ela se parece com catherine” – pensou.

mas edward tinha que sobreviver. tinha que fugir e nao havia mais tempo algum!

empurrou a garota com violencia e derrubou-a no chao. tentou roubar-lhe as chaves, mas ela as segurava como se representassem tudo que sua vida dependia para se manter.

e dependia mesmo. para edward também.

com seu outro punho acertou um soco no rosto da garota fazendo-a largar as chaves. apanhou-as e rapidamente entrou no carro dando a partida logo em seguida.

ele deixou a garota para tras, observou-a pelo retrovisor e viu que permanecera no chao. chorando, soluçando e amaldiçoando edward ateh que uma das criaturas virou-se para agarra-la fazendo-a berrar um grito agudo e interrompido pela dor da primeira mordida em seu pescoço.

curiosamente, edward despediu-se secretamente de catherine mais uma vez.

enquanto dirigia insanamente pela rua abarrotada de gente correndo, atropelou varias pessoas. nao tinha como saber se estavam realmente vivas.

entendendo-se por “vivas” antes da colisao com o carro em alta velocidade enquanto corriam em frenesi pela rua. depois do choque, nao fazia qualquer diferença. pessoas mortas eram uma constante em progressao geometrica.

parte de edward hartt tambem morreu naquele dia, mas nao como toda aquela gente.

por que edward hartt prometera a si mesmo que iria sobreviver.

e de fato, sobreviveu para morrer por completo num outro dia...

- mwxs (terra devastada)