terça-feira, 4 de junho de 2013

Diários de Óculos 2013 #04 - Breve reencontro

Nestes dias reencontrei a mulher que conheci. Tudo estava lá, de certa forma, intocados: seus olhos, seu sorriso e sua voz. Mas apesar da alegria que me preencheu naqueles instantes, a verdade ainda vem escancarada: por trás do que eu vi existe alguém diferente, e temeroso, sofro em pensar que tenha sido sempre assim.

Vi com alegria que algumas coisas nunca mudaram. Eu ri. Outras nunca serão mais as mesmas. Eu queria chorar. Senti, com pesar, que algumas coisas talvez nunca foram o que pareceram ser. Eu morri um pedaço.

Estar perto dela sem falar foi como um momento engasgado. Um bem longo, na verdade. Foi como não poder respirar - ou um sentimento de que algo deveria ser feito e em sua falta, tudo o mais estava incompleto.

Quando as palavras enfim conquistaram sua desejada liberdade, pareceu-me algo tão natural. Percebi ainda mais a falta que ela me faz. A fluidez de nossas conversas, o modo com que flutuam de relevância: do assunto mais útil ao comentário mais simplório, embora não menos adequado. Nunca terei uma amiga com quem conversar assim. Foi como rever o sol brilhar e novamente se por. E como todo por do sol é belo, por mais que a noite possa conter desesperança, veio o abraço.

Naquele momento de despedida demos um abraço que ecoou mil palavras. E não houve silêncio que haveria de dizer mais, nenhum sussurro poderia gritar tão alto - "Fica bem" - eu disse. Com o pesar de um adeus e com o alívio de um carinho dado e recebido, esperado há muito tempo. Aquele abraço não resolveu todos os problemas, mas no momento de seu simples e intenso afago, mostrou há quanto foi necessário. A paz que nos banhou e as palavras implícitas em afeto e calor terno. Em lágrimas quase derramadas.

Foi o adeus mais pesaroso que eu jamais terei igual em toda a vida. Ver ela indo embora será uma lembrança que sempre me perseguirá, pois ali me despedi da amiga com quem tive as conversas mais prazerosas que tive na vida: onde aguçávamos nosso raciocínio, destilávamos um humor agradável e dividíamos as curiosidades e mazelas do cotidiano.

As vezes falávamos de mil coisas! As vezes, não conversávamos sobre nada... Oras! As vezes nem precisávamos falar nada!

Bastava um abraço!

-MWXS

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